EXEGESE DE MATEUS 12:1-8
"Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, estando os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer. Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado. [...] Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. Porque o Filho do Homem é senhor do sábado."
Alguns quando leêm esse texto dizem: "Está vendo, Jesus transgrediu o sábado, por isso não precisamos mais obedecer ao quarto mandamento da lei de Deus". Só que há um problema muito sério com esse pensamento. Vejamos:
De acordo com a Bíblia "o pecado é a transgressão da lei" (1 João 3:4). Essa mesma Bíblia diz que Jesus foi "tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado" (Hebreus 4:15). Se Jesus tivesse transgredido o quarto mandamento teria pecado, se tivesse pecado. Isso parece absurdo, mas é a implicação moral do argumento "Jesus transgrediu o sábado por isso não devemos mais obedecer ao quarto mandamento".
Jesus nunca pecou, por isso é nosso Salvador e Seu sacrifício expiatório foi aceito por Deus. O problema não está em Jesus e sim nos que distorcem a Bíblia, os "ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles" (2 Pedro 3:16).
Nesse momento não importa o que você crê, importa o que a Bíblia diz e a Bíblia diz: "Jesus não transgrediu o sábado". Portanto, qual é a questão então em Mateus 12:1-8? A questão não é SE o sábado deve ser guardado e sim COMO ele deve ser guardado: de forma legalista como os fariseus ou de forma misericordiosa como Jesus ensinava?
Veja bem, os apóstolos viviam viajando com Jesus, de um lado para o outro, iam com o Mestre curando, libertando, restaurando e muitas vezes mal tinham tempo para se alimentarem direito e num momento de pausa do ministério, quando estavam se deslocando de um lugar para trabalhar em outro, passam então por uma plantação e tiraram algumas espigas para recobrar as forças, cuidarem do templo do Espírito Santo e terem condições de continuar trabalhando pelas pessoas. Seria isso "transgressão do sábado"? Só na mente dos fariseus do tempo de Jesus e na mente dos fariseus de nossos dias que não atenderam ao pedido de Jesu:
"Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos" (Mateus 9:13).
Em Deuteronômio 23:25 está escrito: "Quando entrares na seara do teu próximo, com as mãos arrancarás as espigas; porém na seara não meterás a foice". Ou seja, Deus permitia fazer o que os discípulos fizeram. Podia pegar pra comer, o que não podia era colher para vender.
O quarto mandamento (Êxodo 20:8-11) ordena o descanso do trabalho no sábado. Em Êxodo 34:21 diz que não se deve fazer colheita nesse dia. As leis expandidas, encontradas na Mishnah judaica alistam 39 categorias de trabalho proibidas no sábado: colher grãos era uma delas. Alguns rabinos chegavam a desencorajar caminhadas por campos se o grão estivesse à altura do tornozelo, pois caso o tornozelo acidentalmente derrubase grãos ao roçar neles, isso seria considerado debulhar.
Jesus não viera abolir a lei (Mateus 5:17), viera dar o pleno significado da mesma, veio para restaurar a aplicação espiritual dos dez mandamentos que havia se perdido pela influência grega sobre o judaísmo e pela tradição farisaica. Isso pode ser visto no Sermão do Monte. Jesus veio nos ensinar o que devemos fazer no sábado, pois Ele disse:
"Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali? Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem." (Mateus 12:11-12).
Nunca na história deste planeta se precisou tanto de descanso físico e espiritual como em nossos dias.
"Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo" (1 Timóteo 1:8).
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